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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

MICAL MULHER DO REI DAVID




MICAL, CUJO CASAMENTO CARECIA DE UNIDADE E SE DESMORONOU

"O caminho seguro para qualquer casamento – como para qualquer relação humana – é uma experiência de Deus partilhada. Podemos discordar em muitas outras coisas e continuaremos a amar-nos, se estivermos de acordo acerca de Deus." Eugênia Price

1 Samuel 19:10-17
2 Samuel 6:16-23

O casamento de Mical, a filha mais nova do rei Saul, não teve um bom princípio. Os problemas conjugais que surgiram não foram devidos à diferença de nível social entre a filha do rei e o jovem pastor. A verdade é que Saul tinha arranjado esta união de Davi com Mical, esperando que isso o tornasse infeliz e lhe causasse a morte (1 Sam. 18:17-21). O rei havia dado a sua filha em casamento a Davi, porque queria que ele morresse.
Saul não podia agüentar mais o homem que se tornaria rei em seu lugar, o homem que havia já conquistado o amor do seu povo. Em muitas ocasiões anteriores, tinha mesmo tentado matar Davi, embora sem êxito.
De fato, Davi tinha ganho o direito a casar com Merabe, a filha mais velha de Saul. O rei tinha-a prometido ao homem que derrotasse Golias, o gigante filisteu (1 Sam. 17:25). Mas a promessa não foi cumprida. Na altura em que Davi estava pronto a casar com Merabe, o pai já a tinha dado a outro (1 Sam. 18:19).
Saul ofereceu então a filha mais nova, Mical, a Davi, sob a condição de ele matar 100 filisteus.
A possibilidade de Davi se manter contra tantos filisteus é tão reduzida, pensava o rei com azedume, que certamente irá perder a vida.
Mas Saul tinha excluído Deus dos seus pensamentos. Através da bênção divina, o jovem matou 200 filisteus e Mical tornou-se sua mulher (1 Sam. 18:27). Não admira que Mical amasse Davi. Tratava-se de um jovem elegante, corajoso e também sensível. Ao mesmo tempo que se revelava um bravo guerreiro, era também um artista que escrevia cânticos e compunha música. Tinha grande popularidade e havia sido indicado como próximo rei. Contudo, a qualidade mais impressionante na vida de Davi era o seu relacionamento com Deus. Isso dava-lhe um certo encanto, que, embora nem sempre se pudesse definir, era uma realidade.
Em breve se tornou evidente que o fato de Davi ser genro de Saul não mudara em nada os sentimentos do rei. De novo, este começou a pensar sobre a maneira de lhe tirar a vida. Quando descobriu que não podia ver-se livre dele por meio da guerra ou da sua própria arma, arquitetou um plano para o matar na sua própria casa.
Todavia, Mical ouviu falar a respeito da conspiração. "Se não te fores embora imediatamente", avisou-o ela, "serás um homem morto" (1 Sam. 19:11). Assim, ajudou o marido a escapar a tempo. Quando os servos do pai vieram no dia seguinte para o apanhar, ele já tinha ido embora. "Encontra-se doente", mentiu Mical (v. 14), provavelmente para ganhar tempo.
Foi essa a última gota no copo da ira de Saul. "Então tragam-no mesmo na cama", ordenou ele furioso (v. 15). Depressa descobriu que a filha o havia enganado. Um ídolo disfarçado tinha sido posto na cama para dar a impressão de que se tratava de Davi. Desconhece-se se Davi sabia realmente que este ídolo estava na sua casa, mas foi a primeira indicação de uma brecha crescente entre Mical e o seu piedoso marido.
Exteriormente, parecia que o seu casamento gozava de unidade espiritual. Mical adorava o Deus de Israel, da mesma forma que o marido. Mas no íntimo do seu coração, esse Deus era-lhe estranho; a sua relação com Ele não era de fé. Por outro lado, o marido não adorava outros deuses; o seu amor por Deus era total e aplicava-se às situações diárias.
A falta de unidade espiritual num casamento poderia parecer, à primeira vista, um simples arranhão na felicidade conjugal. Mas tal arranhão torna-se freqüentemente uma fenda que depois se alarga, até formar um abismo que já não pode ser transposto. A vida em comum não pode ser construída sobre um fundamento irregular. A um tal casamento falta desde logo a base sólida de que necessita para ser feliz e para ter duração suficiente de modo que sobreviva às tempestades que certamente hão de vir. Nenhuma pessoa sensata se arriscaria a mudar-se para uma casa que, ou não tivesse qualquer fundamento, ou estivesse construída sobre um alicerce fraco.

O único fundamento sobre o qual alguém pode edificar é Jesus Cristo (1 Cor. 3:11). Os relatórios anuais de Ajuda por Telefone, na Holanda, ilustram este ponto. Dentre os que necessitam de ajuda, as pessoas que tinham problemas conjugais formavam o maior grupo, e todos os anos esse número cresce em porcentagens alarmantes.

Por isso, é incompreensível que a escolha tão importante para encontrar um companheiro para a vida seja tantas vezes feita sem tomar em consideração os princípios espirituais que podem permanecer firmes contra as tensões da vida.
Quando o pai a acusou, furioso, "Por que é que me enganaste e deixaste escapar o meu inimigo?", Mical respondeu: "Ele ameaçou matar-me se eu o não ajudasse" (1 Sam. 19:17).
Estas palavras são reveladoras. Em vez de dizer a verdade, Mical acusou Davi de um modo horrível. O homem que pouco depois recusaria vingar-se do sogro; o homem cuja consciência o perturbaria só pelo fato de cortar uma orla do vestido de Saul, e que impediria os seus homens de matarem o seu perseguidor (1 Sam. 24:1-7), foi aqui acusado de uma tentativa de assassínio da esposa.
Os atos de Mical diferiam profundamente dos de Davi. Na mesma situação, ele lançou os seus problemas sobre o Senhor, atitude que sempre tomou em circunstâncias difíceis. Deus era o seu refúgio e ele esperava que as soluções para os seus problemas viessem dEle. Na realidade, a linha de pensamento de Davi era totalmente oposta à incredulidade e espírito enganoso da mulher.

Paulo escreveu, na sua carta aos Coríntios, que a diferença entre um cristão e um incrédulo pode comparar-se ao contraste entre a retidão e a profunda injustiça, entre a luz e as trevas (2 Cor. 6:14-15). O amor de Deus demonstrado através de um cristão é paciente e amável, humilde a altruísta. Sente-se feliz quando a verdade triunfa, e evita a todo o custo os conflitos.

A brecha espiritual entre Davi e Mical ia-se tornando cada vez mais evidente. Mas o que tinha acontecido pôs também um ponto de interrogação sobre o professado amor de Mical.
Era evidente que os dois cônjuges seguiam caminhos diferentes. Era de prever que após o desaparecimento de Davi esse casamento terminasse abruptamente. Todavia, a causa não residiu na ausência de unidade espiritual. No seu desejo de se vingar de Davi, Saul deu a filha a outro homem em casamento – a Palti, filho de Laís, de Calim (1 Sam. 25:44).
Os anos passaram, e depois que Davi se tornou rei de Judá chamou Mical de novo para ele. O que o levou a chamá-la? (2 Sam. 3:14-15). A Bíblia não é explícita. Também não se faz qualquer referência aos sentimentos de Mical, que havia sido atirada de um homem para outro como se fosse uma bola. Sem dúvida que as suas emoções estavam despedaçadas quando deixou o segundo marido e o viu a chorar, angustiado, enquanto ela voltava lentamente para Davi.
Depois deste incidente, encontramos Mical uma vez mais. O tempo continuara a passar, pois Davi é agora rei sobre todo o Israel. Havia atingido o clímax da sua vida. Deus tinha cumprido as Suas promessas. Os seus inimigos foram derrotados e o seu reino era altamente respeitado, entre as nações ao redor (1 Crôn. 14:2).
Todavia, a coroa da obra de Davi estava ainda para vir. Ele tinha mais um serviço a fazer para Deus. Não poderia ser feliz até que a arca – o sinal da presença de Deus – chegasse ao seu lugar próprio em Jerusalém, a capital.
Quando finalmente chegou esse dia, toda a Jerusalém se juntou para receber de um modo festivo a arca do Senhor e a trazer para o local que Davi lhe havia designado. Os sacerdotes e os levitas tinham-se preparado espiritualmente para estas tarefas. Os cantores e os músicos já tinham afinado os seus instrumentos. Os líderes tomaram o seus lugares no cortejo e a eles se juntaram muitos dentre a população de Israel.
De repente soltou-se um grito indescritível de regozijo. Címbalos, trombetas, harpas e cítaras competiam com as vozes das pessoas no louvor a Deus (1 Crôn. 15:3-25). O mais feliz de todos era o rei Davi. Sentia a alma inundada de uma profunda gratidão. Deus permitia-lhe esta honra. Viveu essa ocasião não como um rei orgulhoso, mas como um pecador que está consciente da presença de um Deus santo.
Nessa situação, era natural que ele pusesse de lado o seu traje real e se cingisse com os calções de linho que Deus tinha ordenado para os sacerdotes (Êx. 28:42-43; 1Sam. 2:18). O grande rei sentiu, e com razão, que só podia aparecer diante de Deus vestido como um servo da arca. Não queria ser simplesmente o representante da autoridade sobre o povo, um homem que os beneficiava com os seus presentes paternais. Procurou identificar-se com eles. Perante Deus eram todos iguais, julgados do mesmo modo por Ele. O Deus deles era o seu Deus.
Davi expressou então a sua extraordinária alegria e gratidão numa dança religiosa. Essa dança demonstrava, segundo os costumes orientais, os seus sentimentos em relação a Deus.
Mical não se encontrava entre a multidão que saíra a receber festivamente a arca. Uma vez mais se tornou evidente até que ponto aumentara a brecha entre ela e o marido. Ela não partilhava das suas convicções religiosas. Este grande dia, um ponto alto na vida dele, não significava nada para ela. Como seu pai, Mical não estava interessada na arca de Deus (1 Crôn. 13:3). Não sentiu qualquer desejo de pegar num tamboril e dirigir as mulheres num cântico ao Senhor como Miriã havia feito certa vez Êx. 15:20-21).
Muito pelo contrário. Mical desprezou Davi por causa do seu entusiasmo e atitudes. Por detrás de uma janela, observava-o à distância enquanto ele dançava no meio do povo. Sentiu um íntimo desprezo por ele.
Quando Davi voltou a casa, depois da chegada da arca, desejoso de partilhar a alegria dos festejos daquele dia com Mical, ela aproximou-se dele com um comentário escarninho e mordaz. "Que glorioso se mostrou hoje o rei de Israel!" – disse ela com sarcasmo. "Expôs-se às servas ao longo da rua, como um perverso vulgar!" (2 Sam. 2:20).
Estas palavras não expressavam pensamentos a respeito de Deus. Mical desprezou o rei, o seu marido, que conseguiu esquecer-se de si próprio a tal ponto que se identificou humildemente com o seu povo. Ela só conseguiu revelar sarcasmo mordaz ao homem que, na sua opinião, se tinha esquecido da sua dignidade. Mical era orgulhosa e de coração frio – para com Deus, para com o povo, para com o marido. No seu desdém chamou perverso e impudico a Davi. Não só rejeitou a religião dele, mas maculou-a. Classificou-a de imoralidade. Mais uma vez ela colocou o marido a uma luz desfavorável.
A ausência do amor notava-se dolorosa. Mical não só não amava o marido e o Deus do marido, mas carecia também de amor para com os outros. Depois de muitos anos de casamento, ela ainda não conhecia o coração de Davi. Não dava importância às coisas que o comoviam. Os motivos dele não eram os seus.
A brecha cada vez maior entre marido e mulher não se devia primeiramente às diferenças de caráter ou ambição. Devia-se sim ao fato de cada um pensar e reagir numa estrutura religiosa diferente. O temor do Senhor, que era evidente no marido, não tinha despertado no coração de Mical um desejo de conhecer o Senhor Deus dessa mesma maneira. Os seus muitos anos de vida matrimonial não tinham tocado espiritualmente o íntimo do seu ser.
Mical não se tornou uma esposa segundo o coração de Davi, porque não era uma mulher segundo o coração de Deus. Davi sentia-se mais chegado a uma mulher simples do povo que amasse a Deus, do que à sua própria esposa.
A Bíblia não relata quanto tempo viveu Mical após este incidente, mas dá a entender que a sua vida conjugal terminou. A brecha entre os cônjuges era agora total.
"Mical, a filha de Saul, não teve filhos até ao dia da sua morte", diz a Escritura (2 Sam. 6:23). Essas poucas palavras revelam a desaprovação de Deus sobre uma mulher que tratou mal o homem segundo o Seu coração (Atos 13:22). O Senhor impediu-a de ter filhos. Podia também concluir-se daqui que depois deste incidente Davi nunca mais se ligou a Mical como marido. O seu papel externo como esposa terminara, e ela passou os restantes dias da sua vida em solidão. Morreu sem ter tido uma influência, e talvez sem nunca ter tido um encontro com o Deus do marido, através de uma entrega pessoal.
O casamento de Davi com Mical permanece como uma advertência na história. Se os cônjuges não são um em Deus – partilhando de uma unidade espiritual – a sua união matrimonial pode ceder sob as pressões da vida.

Mical a mulher cujo casamento carecia de unidade e se desmoronou
(I Samuel 19:10-17 ; li Samuel 6:16-23)

Perguntas:
1. Estude cuidadosamente o casamento de Davi com Mical e enumere as suas diferenças.
2. Considere essa lista à luz de II Coríntios 6:14-15. Qual lhe parece ser a maior diferença entre eles?
3. Lemos em I Samuel 18:20-28 que antes do casamento Mical amava Davi. Será que durante todo o tempo que passaram juntos Mical o amou de fato à luz da definição de amor que encontramos na Bíblia? (I Coríntios 13:4-7).
4. Leia I Samuel 19:13-17 e Salmo 59 e compare o relacionamento de Davi e Mical com Deus.
5. Que princípios básicos sobre o casamento aprendeu através desta história ?
6. De que maneira é que prole aplicar os princípios de fidelidade e entrega (ou a falta deles) estudados nesta história, à sua própria vida?

 FONTE: LIVRO SEU NOME É MULHER 2

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