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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

ALCANÇANDO AS PESSOAS SECULARIZADAS - 6ª PARTE - COMO APRESENTAR A ALIANÇA ÀS PESSOAS SECULARIZADAS



COMO APRESENTAR A ALIANÇA ÀS PESSOAS SECULARIZADAS

Introdução

            Dois mil anos antes de Cristo, Deus havia feito um plano para constituir do nada um povo santo. Deus chamou Abraão para sair da sua parentela e estabeleceu um relacionamento com ele e depois com o povo de Israel. A história do povo de Deus começou com Abraão; para o povo de Deus, não há «estrangeiros», pois todos são convidados a fazer parte dele.
            Em cada estágio, vemos a intervenção de Deus, o que constitui um ponto de partida e o convite a uma aliança que transforma uma nação, tornando-a povo de Deus (Jeremias 30:22). O motivo que O levou a adoptar Israel como povo, foi o Seu amor sem medida.

A Aliança
            É importante esclarecer as pessoas secularizadas sobre o propósito, o sentido e as características da aliança, porque a compreensão deste conceito permite que as pessoas secularizadas entendam a parte mais importante da mensagem bíblica e ultrapassem muitos dos seus preconceitos contra a religião.
            As pessoas secularizadas rejeitam a imagem de Deus como um Monarca severo que elimina a liberdade humana. É imprescindível tornar claro que a aliança é um acto de amor, que não é obrigatoriamente imposto, mas que deve ser livremente recebido ou aceite. Israel era livre para aceitar ou rejeitar a aliança que Deus lhe oferecera.
O termo grego para “aliança” ou “concerto” (συνθηκη) implicava a igualdade de ambas as partes que entravam no contrato. Os Judeus que falavam grego, preferiam διαθηκη (diatheke), que tem a ver com uma disposição unilateral da própria pessoa, uma última vontade, um testamento. Um contrato é um acto jurídico que contém duas partes, que está legal apenas quando a vontade de um sócio vai de encontro à vontade do outro e ambos chegam a um acordo validado pela lei. A aliança bíblica não é um contrato no qual ambas as partes têm status igual e chegam a um acordo recíproco no que diz respeito à protecção e às bênçãos acompanhadas por obras meritórias, tais como “sacrifícios, peregrinações festivais, jejum e assim sucessivamente,” mas um acto unilateral da parte de Deus que promete aos seres humanos o perdão para as suas faltas, a santificação das suas vidas, e a sua transformação em filhos e filhas de Deus. O termo hebraico berith, foi correctamente traduzido pelo termo grego διαθηκη (diatheke) e pelo termo latino testamentum. O testador expressa a sua vontade e escreve um testamento. O testamento é válido só com a morte do testador. Os herdeiros podem apenas aceitar ou rejeitar o testamento; eles não podem alterá-lo.
            Através da aliança, Deus desejava redimir o povo de Israel e transformá-lo numa nação santa. Israel deveria rejeitar todas as formas de idolatria e hábitos imorais dos povos pagãos. Deus deu-lhes um novo estilo de vida, uma nova visão e uma nova missão. Israel deveria revelar o carácter de Deus, fazer conhecer o Seu amor pelo ser humano, anunciar o Seu plano da salvação em favor de todos os seres humanos e oferecer-lhes a oportunidade de mudarem as suas vidas.

Deus libertou o homem da sua natureza pecaminosa
            A Bíblia apresenta uma série de alianças relacionadas entre si. Porém, a aliança é uma só, ainda que a Bíblia registe várias ocasiões onde a aliança de Deus é renovada.
            De acordo com a história bíblica da criação, Deus ofereceu ao homem um mundo perfeito e assegurou-lhe o Seu auxilio providencial, mas permitiu à criatividade do homem encontrar uma forma de se ajustar ao mundo. Génesis também relata a trágica situação em que o ser humano se encontrou após a queda. Deus assumiu a rejeição dos primeiros seres humanos e indicou as consequências da sua rejeição. Mas Deus é um Deus de misericórdia, pronto a perdoar a culpa daqueles que reconhecem as suas faltas e estão prontos a mudar. Deus continuou a amar os seres humanos mesmo depois da sua queda e, em resposta à sua rejeição, deu-lhes a oferta da Sua intervenção libertadora.
            Em Génesis 3:15, Deus anuncia que haverá uma inimizade entre a serpente, Satanás, e a mulher, e entre a semente de Satanás e a da mulher. Porque Deus é misericordioso, a aliança não seria anulada pela eventualidade do povo desobedecer. Era necessário sacrificar animais. O sangue das vítimas restabeleceu a aliança quebrada pelo pecado. Os animais sacrificados simbolizavam Jesus, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Deus realizou o Seu plano de salvação na morte e ressurreição do Seu único filho. A morte de Jesus destruiu a morte; a Sua ressurreição restaurou a vida.
            “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo,” (II Coríntios 5:19) (καταλλασσειν: reconciliare). Esta é a reconciliação objectiva” (καταλλαγη: colocar alguém em paz com Deus), que Deus proclamou e ofereceu a todos os seres humanas através da ressurreição de Cristo. Pela fé na expiação, cumprida por Cristo na cruz, a reconciliação objectiva torna-se reconciliação subjectiva sempre que um ser humano pede e recebe o perdão pelos seus pecados ou pelas suas faltas. O Evangelho é precisamente a Palavra de reconciliação (II Coríntios 5:19-20). Deus deu aos cristãos o “ministério da reconciliação” (την διακονιαν τη καταλλαγη) através do qual eles devem anunciar que Cristo cumpriu a aliança na Cruz; que Ele está a aplicar a expiação à humanidade pelo Seu ministério celestial, e que Ele completará o Seu plano da Salvação quando regressar e levar o Seu povo para uns “novos céus e uma nova terra.”
            As pessoas secularizadas rejeitam muitas vezes a religião porque as doutrinas são apresentadas de uma forma mística. É por isso que é importante apresentar as doutrinas da expiação, justificação e santificação de uma forma clara e racional. O “pecado” não é um fluido que é neutralizado por outro fluido. Não há nada de mágico na Bíblia. O pecado é uma realidade na vida de cada ser humano.
            O Evangelho é a Boa Nova de que Deus já cumpriu a Sua promessa. O Messias veio, morreu e providenciou a salvação para toda a raça humana. Pregar a mensagem bíblica quer dizer, anunciar que Deus, estando em Cristo, já reconciliou consigo o mundo. A mensagem bíblica, hoje, é um convite a todos os seres humanos para estabelecerem um pacto, um relacionamento pessoal com Deus através do baptismo, para se tornarem filhos de Deus e membros do Seu povo.
            É também importante esclarecer que Deus não impede o exercício da liberdade humana, pelo contrário, Ele ajuda os seres humanos a vencerem as suas tendências hereditárias e a recuperar uma liberdade perdida. Geralmente, um indivíduo julga-se livre quando é capaz de tomar uma decisão, isto é, recusar ou escolher fazer algo. O livre arbítrio é a capacidade de decidir consoante o conhecimento, os sentimentos e as capacidades que o ser humano possui. No entanto, todos os seres humanos têm tendências hereditárias e adquiridas socialmente que limitam a sua liberdade. Paulo disse: “Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim” (Romanos 7:17). Ele bem sabia que não era livre porque as suas tendências hereditárias e adquiridas (aquilo que ele chamou pecado) forçavam-no a tomar decisões que ele não queria tomar. Mesmo quando compreendia o que era certo e desejava fazê-lo, era incapaz de o fazer, pois as más tendências da sua personalidade eram mais fortes do que o seu desejo de agir correctamente.
            Paulo continuou: “Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! … Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Romanos 7:25; 8:2). Jesus liberta a raça humana (a verdadeira liberdade). Como? Jesus, que viveu sem pecar (João 8:46; Hebreus 9:14), é o único modelo do ser humano, na verdade, na liberdade e nos ideais da sua existência. Todo o ser humano que anseia mudar a sua natureza deve estruturar a sua personalidade de acordo com o novo modelo: Jesus. Deve despojar-se do “velho homem”, o “velho eu”, que se corrompe pelas concupiscências do engano.” (Efésios 4:22). Deve revestir-se do “novo homem, que segundo Deus foi criado em verdadeira justiça e santidade.” (Efésios 4:24).
            Aqui Paulo propõe o conceito da personalidade dinâmica. A personalidade não é estática. Os seres humanos podem escolher entre duas direcções possíveis: “segundo a natureza pecaminosa (κατα σαρκα)” ou “de acordo com o Espírito (κατα πνευμα)” (Romanos 8:5). Em Gálatas 5:13, Paulo esclarece que aqueles que são chamados por Cristo são chamados para serem livres e Gálatas 3:16-26 mostra a diferença entre os que vivem pelo Espírito e os que vivem pela natureza pecaminosa. Por conseguinte, há duas categorias de seres humanos: os seres humanos carnais (I Coríntios 3:3, __________ e os seres humanos espirituais (I Coríntios 2:15, _________). O ser humano ideal que a Bíblia propõe é alguém que desenvolve todas a faculdades (físicas, psíquicas e espirituais). O ascetismo está baseado no dualismo antropológico grego (o corpo é material e a alma é espiritual). A vida ascética é uma vida que requer o contínuo castigo do corpo a fim de soltar a alma da escravidão do corpo. Pelo contrário, a Bíblia ensina um harmonioso desenvolvimento da personalidade, apenas quando todas as faculdades são desenvolvidas e tendem à afirmação e à maturidade do indivíduo. Somente um relacionamento com Deus pode ajudar o indivíduo a vencer as suas tendências negativas e a desenvolver uma personalidade livre. É claro que, enquanto as más tendências são geneticamente transmitidas (Romanos 5:12), o “novo nascimento” é uma obra do Espírito Santo e apenas pode ser verificado pelos resultados produzidos pelo Espírito (João 3:6-8). É interessante observar que descobertas científicas confirmam a possibilidade de um ser humano poder mudar a sua personalidade.

Algumas Considerações Finais
            As pessoas secularizadas podem ter sentimentos de culpa, mas elas não buscam o perdão de Deus, porque têm uma distorcida e incorrecta imagem de Deus. Por isso é necessário explicar e esclarecer o conceito exacto da aliança. As pessoas secularizadas precisam de uma clara orientação e de um modelo; portanto, os comunicadores devem apresentar Jesus como o modelo ideal. Obviamente que é necessário evitar a impressão de que há algo mágico na expiação. O pecado é uma realidade na vida dos seres humanos e não um fluido mágico que contamina os seres humanos. Deus transforma o homem ou a mulher, reproduzindo a vida de Jesus nas suas vidas.
            O Seu convite não é, nem um sonho nem uma projecção de desejos recalcados, mas um insistente, vívido e real apelo de um Deus que ama e quer libertar. Deus deseja estabelecer uma comunhão com eles, que envolve uma mudança real nas suas vidas. Tornam-se naturalmente um novo povo, com uma nova visão do mundo e uma nova missão a cumprir. O Deus da Bíblia é um Deus que toma a iniciativa, chama as pessoas, ajuda-as a adquirir a consciência da sua situação de escravidão, e liberta-as.
            Porém, a liberdade que Deus oferece não é uma liberdade de, mas uma liberdade para. Deus não quer “individualistas”, que desejam ser livres de qualquer responsabilidade para com os outros, mas indivíduos que realizam o seu crescimento numa comunidade viva de seres humanos livres e que vivem com o objectivo de tornarem os outros igualmente livres.

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